NOSSA CONFRARIA

Somos um grupo de mulheres de profissões diversas e um interesse comum: o VINHO. Nos reunimos mensalmente na terceira terça-feira do mês. Uma de nós é escalada como responsável pelo evento: escolhe o local do encontro, os vinhos e o que vamos comer. Sempre há um tema proposto pela organizadora e como será a degustação. Às vezes às cegas, outras não. Procuramos escolher temas diferentes, vinhos diferentes e no final, nos divertimos bastante. Tudo é levado muito à sério, ao mesmo tempo, com descontração. (Na foto: Isa Pudles, Sueli Rita, Marian Guimarães, Márcia Toccafondo, Maria do Carmo Bado, Eunice Rocha, Ana Teresa Londres, Marlene Beck, Sandra Lunedo, Analzira Carneiro e Mônica Meira. Está faltando nossa presidente, Sandra Zottis)

terça-feira, 21 de março de 2017

A Confraria Feminina do Vinho de Curitiba pelos vinhedos da Serra Gaúcha

No ano em que a Confraria Feminina do Vinho de Curitiba, registra seu 12º ano de existência, um novo motivo, levou oito das onze confreiras as terras gaúchas de Alto Feliz, Bento Gonçalves e Flores da Cunha, para viver as experiências das vindimas, no vale dos vinhedos, desse estado, rico em aromas e sabores e pelo orgulho do trabalho de seus filhos gentis.
Em 16/02/2017, as confreiras (esq p/ dir), Eunice Rocha, Mônica Meira, Analzira Carvalho Carneiro, Sandra Lunedo, Maria do Carmo BadoSueli Rita Floriani de Martínez, Sandra Zottis e Márcia Toccafondose encontraram no aeroporto Salgado Filho, prontas e animadas, para viver quatro dias de visitas e conhecimento sobre a produção dos vinhos desse vale.
A primeira vinícola foi a Don Guerino, localizada na Rua dos Vinhedos, em Alto Feliz – RS. A família Motter, em 1880, trouxe a paixão pelo vinho da Itália. O terroir da Don Guerino, apresenta um micro clima, com exposição solar e boa ventilação, solos argilosos e profundos em um clima naturalmente temperado. As uvas, que se transformam em vinho, são: Moscato Branco, Giallo e Hamburgo, Chardonnay , Sauvignon Blanc e Riesling, entre as brancas. Tintas:  Malbec,  Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Pinot Noir e pela primeira vez, nos foi apresentada o vinho da uva Teroldego, essa que é típica de Trento na Itália. Foi uma apresentação feliz. A confraria achou o nome da uva muito interessante e se não todas, a maioria adquiriu garrafas de vinho dessa uva.
A vinícola Don Guerino comercializa seus vinhos em algumas lojas do Mercado Municipal de Curitiba. Almoçamos no Sapore & Piacere – Café Cucina I Altri, situado à Rua: Dr. Casagrande, 500 esq. Visconde São Gabriel – Cidade Alta -   Bento Gonçalves – RS. Um local adorável e com apresentação de pratos coloridos, deliciosos, arrumados de tal forma, que nos encheu o olho e o coração de mimos e agrados em meio a uma decoração muito feminina e aconchegante. Ao final, fomos agraciadas com um bolo de especiarias, maravilhoso.
À tarde, estávamos na vinícola Miolo. O dia ensolarado em muito contribuiu para que desfrutássemos das paisagens desse lindo lugar. A arquitetura, o spa, as pequenas colinas, o verde abundante, que formam o complexo enoturístico da Miolo, nos transportaram para algumas regiões italianas. A recepção sorridente e calorosa do nosso grande amigo do vinho Avelino, tornou tudo próximo e familiar. Assim, fizemos parte de um grupo seleto de privilegiados que foram conduzidos a conhecer e ver todo o vale da Miolo, desde a alta torre, que faz parte do Complexo. Turistas não tem acesso a esse lugar. As amantes da fotografia, se deleitaram. A família Miolo, é de origem italiana, do Venêto e começaram a plantar uvas em 1897, apenas para consumo e vendas da uva. Assim, o formato escolhido para abrigar as parreiras foi a latada, que se mantém uma ali, como uma lembrança nostálgica dos tempos que já passaram, mas que enche de charme o complexo Miolo.
A uva por excelência, da vinícola Miolo é a Merlot. Porém, há plantações de várias outras uvas e lá também está a Teroldego. A sala de degustação é maravilhosa, muito bem iluminada e seus balcões estão dispostos em um semicírculo, tipo arena.  Os andares que se elevam desde essa distribuição, permite visão limpa e ninguém está na frente de ninguém.
Na Miolo, provamos entre outros bons rótulos, o Lote 43, uma das grandes produções dessa vinícola e fomos presenteadas com uma bela taça de espumante grifada. 
À noite, nos esperava com uma experiência gastronômica absolutamente incrível. O Valle Rustico, www.vallerustico.com.br, é um desses lugares, que você conhece e não esquece jamais. O menu degustação que varia de 8 a 12 pratos, nos foi servido na porção total e da qual fizemos questão de provar e deliciar tudo! A imersão na Cozinha de Natureza, numa conexão Homem e a amada Terra, a biodiversidade local, o relacionamento com produtores orgânicos, resgate de técnicas antigas de preparo, o processo criativo, utilizando somente o que a mãe terra tem para nós oferecer hoje! Diante dessa perspectiva, nós deliciamos com: Grissini de polvilho, pão de alho, foccaccia e espumante orgânico. Do mar: dourado do mar assado com Ora-pro-nóbis. O melhor prato do verão?  Risoto de tomates, cozidos por 17hs no azeite de oliva. Sabor dos campos? -  Cordeiro assado, com farofa de alho e chutney de beterraba. Sobremesa: biscuit de erva mate, torta de amora e piem de doce de leite, entre outras delícias. Na foto acima conosco, o chef Rodrigo Bellora proprietário do Valle Rustico Restaurante de Garibaldi.
No dia dezessete de fevereiro, logo pela manhã estávamos na vinícola centenária Salton, localizada no distrito de Tuiuti, pertencente a Bento Gonçalves. Tudo lá impressiona. O tamanho da vinícola e suas instalações arquitetônicas. O prazer em registrar toda a história da vinícola nas paredes seja na forma de quadros, tapeçarias tipo  “Gobelains” ou em “tromp L’oil” no teto do hall, onde registram a gratidão pela ancestralidade, os amigos, as famílias e os empregados, todos unidos  pela paixão ao vinho. Muitos funcionários, trabalharam ou ainda estão na Salton, por uns 40  anos. A Salton, foi fundada em 1878 .É uma das vinícolas mais antigas do Brasil. São os produtores do Conhaque Presidente, que é produzido e comercializado em São Paulo. E o vinho Presidente, hoje não mais produzido, foi o vinho do Governo Getúlio Vargas. São 25 milhões de litros produzidos anualmente. Os caminhos percorridos, por dentro da Salton, nos levam a corredores decorados com anjos, cor e devoção. A música é sacra. Os dois cálices dourados, lá expostos, lembram que quando os Papas Bento e Francisco, estiveram no Brasil, beberam os vinhos da Salton. A réplica dos cálices estão lá e seus desenhos falam do estilo de cada Pontífice. O cálice usado pelo Papa Bento é pequeno, porém dourado e decorado externamente por relevos. A do Papa Francisco, é lisa, simples, porém maior! Tudo é orgulho e muita história para contar.







Provamos um dos ícones da Salton, o vinho tinto Desejo, safra 2011. Depois o Talento, safra 2011. O Brut Evidence, alguns sucos e a novidade, o Grape Tea. Deliciosos!





Nossa agenda, nos levava agora para a deliciosa instalação rural, de onde tudo começou, para a Família da Dal Pizzol, vinhos Finos. Ela está localizada na Rota Cantinas Históricas de Bento Gonçalves. O museu, os antigos maquinários, os incríveis parreirais, desde o primeiro formato, hoje carregados com a uva Goethe, até os mais diversos tipos de uvas, ali plantados, gritam para mostrar, que no Brasil, tudo que se planta, cresce e aparece. O amor pelo vinho e tudo o que ele encera, está em plantar nessa imensa área verde, árvores como a “Quercus sp” ou  Carvalho europeu. Dessa árvore, se faz os barris de carvalho.
O dia de sol, a exuberância verde, os locais destinados, para o doce deleite, dos pic nics com amigos e familiares, as casas baixinhas e antigas, que renderam ótimas fotografias para as confreiras, tudo nos abraçou de encanto. Entre outros exemplares da Dal Pizzol, provamos o vinho Do Lugar – Cabernet Franc, safra 2014, o Ancellotta, safra 2014, o Espumante Rosé, fresco na boca e muito agradável aos olhos. 
À tarde, cheia de história, encontro, gratidão e boas surpresas, veio com a visita a pequena, enxuta e imperdível espaço de produção dos excelentes espumantes de Adolfo Lona. O método é o Charmat e o Tradicional, esse que é utilizado na região de Champagne na França e conhecido como Champenoise. É o método no qual a tomada de espuma e maturação é realizada na própria garrafa de comercialização.
O processo artesanal de Adolfo Lona, permite produzir o espumante Nature, Brut e o Orus, o único Nature Rosé do Brasil e com ciclo total de produção de 24 meses. O espumante Orus Pas Rosé, é elaborado pelo método tradicional, com ciclo de 24 meses, 12 maturando sobre as leveduras e 12 envelhecendo com a rolha definitiva, quando ganha sutileza e elegância. Três variedades de uvas compõe esse belo exemplar: Pinot Noir, Chardonnay e uma pequena parcela de Merlot. Os espumantes dessa casa, são na sua imensa maioria comercializados em restaurante, especialmente na cidade do Rio de Janeiro, Porto Alegre e em Curitiba, na loja de Luís Groff. O próprio Adolfo Lona, nos deu uma aula sobre como abrir um espumante, sem fazer barulho, sem deixar a bebida “nervosa”, apenas, por favor, deixe-a bem gelada! Adolfo Lona, nos presenteou com uma pequena garrafa de espumante e um boné, com sua logomarca. Foi um show!
Seguia a bela e quente tarde de sol. Agora estávamos a caminho de vinícola Almaúnica, do Brasil com orgulho. Nos esperava, sorridente e com os olhos mais vivos do planeta a Diretora da vinícola Magda Brandelli Zandoná. Ela e seu irmão gêmeo Márcio Brandelli, contam, para quem quiser ouvir a saga dos irmãos, que um dia resolveram fazer as mesmas coisas que seus pais e irmãos mais velhos também fazem, produzir vinho com muita paixão.
A Almaúnica, foi fundada em 08/08/2008, e se expressa produzindo garrafas limitadas de cada vinho tinto ou branco e de seus belos espumantes, esses pelo método tradicional ou Champenoise. O cenário criado pela vinícola, aposta na qualidade total da atração. Assim seus espaços, internos são modernos e cleans e estão em perfeita conjunção com os 3,0 hectares de vinhas onde as pessoas que lá estiverem podem desfrutar, caminhando por toda a área plantada de Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay. Tal poder de atração, aposta na tipicidade de vendas da produção. A Almaúnica, aposta nas vendas diretas, sem intermediários e parece, que a estratégia, não só dessa vinícola, está dando certo. O casal de gêmeos, está feliz, fazendo o que mais gostam de fazer. Estar nessa vinícola, com toda a energia linda da Magda, abrindo todas as garrafas como se fossem troféus, foi muito agradável.
Jantamos na Casa di Paolo – Pipa Pórtico, sempre levadas por Sandra Zottis, presidente da Confraria Feminina do Vinho de Curitiba, que não poderia nos deixar sem provar o famoso e indiscutivelmente melhor galeto do mundo, que está no Rio Grande do Sul.
Sábado, 18 de fevereiro, estamos a caminho da Chandon do Brasil (grupo LVMH) com sua exclusiva Chandon Brasil em Garibaldi. Todo o charme, dessa casa francesa no Brasil, que só pela sua existência, demonstra que sim, há valor nesse solo, que insiste em dar bons frutos para raros espumantes. A casa, pertencente ao grupo Moet&Chandon,  da região francesa de Champagne, não produz fora da França, nada pelo método tradicional ou o champenoise. As garrafas chamam a atenção pelos tamanhos variados, desde 187 ml, 375 ml, 750ml, a Magnum com 1500ml, a Jeroboam 3000ml e o colors colletion, 1 -  garrafa 750 ml  + 2 taças coloridas. O tamanho jeroboam é aquele clássico tamanho, estourado nos finais das corridas de Fórmula 1 e outros esportes igualmente merecedores de tal acompanhamento. 
Na Chandon, fomos muito bem recebidas e conduzidas por Rafael Smaniotto.
Seguimos agora para a vinícola Angheben, um local completamente diferente, situada no Vale dos Vinhedos. Uma família sorridente, nos recebeu para dizer entre outras coisas, que produz o melhor vinho da região, porque produz as melhores uvas, as transforma em vinho e depois comercializa para todo o Brasil. Aqui entre as trocas de conhecimento, Sandra Zottis, voltou a enfatizar sua teoria de que os vinhos tintos, deste estado merecem envelhecer, pelo menos cinco anos ou mais, para depois abrir e assim, deixar o tempo fazer também a sua parte, a parte das pazes com os aromas, sabores e todo o potencial que o vinho dessas terras pode trazer. Nessa vinícola, todas as confreiras também conversaram entre si sobre, as observações de que os espumantes são muito bons, os brancos são agradáveis e os tintos são, na sua maioria, muito ácidos. As colocações são para tudo o que já havíamos experimentados até aqui. A Angheben produz brancos, Chardornnay. Vinhos tintos da uva Barbera, Pinot Noir e Teroldego, dessa tiraram até as sementes, para compor como elementos decorativo, das  instalações. A produção varia bastante, porque a Angheben, não tem compromisso com essas uvas, mas com as melhores produzidas a cada ano, na região.
O almoço, foi no Restaurante My Way, situado na Rua: Francisco Ferrari, bairro Barracão. Coisas de Sandra Zottis, que conseguiu que Pai e filha, ambos “Chef” abrissem seu restaurante e cozinhassem somente para nós. Um restaurante que também é a casa dos moradores, que recebem seus clientes e amigos na ampla sala ao lado da cozinha, de modo informal e filosófico, pois a casa é assim decorada, com motivos de várias religiões e filosofias. Os pratos, preparados desde a entrada até a salada, com muito sabor, cor, aroma, textura e o vinho sempre presente.
Em mais uma exuberante tarde de calor e muito sol, lá estávamos nós na vinícola familiar Cave Geisse, vinhedos de terroir. No Brasil, terroir Pinto Bandeira e no Chile terroir Marchigue. 
Esta vinícola, produz espumantes brancos e rosés. São nove variações sobre o mesmo tema, entre eles estão os do tipo, brut, nature, rosé brut, blanc de blanc brut,  blanc de noir brut, extra brut, terroir nature e o  terroir rosé. O método, sempre o tradicional.  Em parceria com a família Dumont, produtores da região da Champagne, esta vinícola lançou o primeiro Champagne com alma brasileira: Cave Geisse Philippe Dumont Premier Cru, essa Champagne  é produzido na França. As uvas de toda essa seleção são Chardonnay e Pinot Noir.  





O belo jardim da Cave Geisse, com cadeiras, bancos, pufs, grama, árvores frondosas e flores, muitas flores, estavam à disposição para quem dele quisesse usufruir no encontro consigo mesmo, com seu parceiro, amigos e familiares, naquela deliciosa tarde de sábado. Um “truck” abastecia de pequenos lanches, para aquela fominha de final de tarde, sempre acompanhado de uma boa conversa, risadas e vinhos. 



Domingo pela manhã, dia 19, e o destino agora era a vinícola Luiz Argenta em Flores da Cunha. Tudo impressiona lá. Os hectares plantados, os tons de verde, a vista das sacadas das modernas instalações, arrasam no visual.
Foi absolutamente delicioso estar desfrutando das instalações da vinícola e do moderno restaurante Clô. As surpresas não pararam por aí. A produção e as garrafas, com formatos absolutamente decorativos, desde os vinhos e as taças, tudo é colocado para encantar e as confreiras adoraram, cada detalhe. O almoço, com propostas de pratos muito interessantes, trouxe surpresas como peixe da Amazônia, entre outras possibilidades gourmet. A visita, por toda a vinícola ainda traria surpresas, como na arquitetura do interior, cujo último piso, revelaria uma quantidade de pedras, nativas, encontradas e que foram totalmente aproveitadas, nessas dependências. Assim, a temperatura é mantida, por toda a cave, de modo natural. O teto, com grandes quadrados côncavos, permitia experimentar a audição, do que se estava falando em qualquer ponto da imensa sala de degustação e descanso da produção vitivinícola. O enólogo da Luiz Argenta, mantem as garrafas ali, descansando ao som de belas músicas, como quem embala a mais linda e rica criação, o Vinho! TimTim!!
Texto: Sueli Rita Floriani de Martínez
Fotos: Márcia Toccafondo